Escritos de si: sobre dança e resiliência

Movimento é linguagem. Dança, poema e o corpo poeta. O poeta que dança a vida, projeta-se no espaço como um pris¬ma translúcido e multifacetado que reflete e refrata as luzes da integração entre pessoas, seres, coisas, fenômenos naturais e arte. A dança é um refratário de esperança que irradia cami¬nhos para se pensar a vida como algo mais interessante que a mera repetição da realidade cotidiana, destacando sua práti¬ca como uma experiência que torna possível a conexão e a re-presentação do rito sagrado na contemporaneidade. A troca, o toque, o diálogo, a aceitação da diferença, a observação atenta do entorno, a entrega e a lealdade de uns com os outros certa¬mente levam, pela via de mão dupla, a uma existência partici¬pativa e a uma melhor comunicação com o mundo. Esses prin¬cípios projetam o sonho de uma sociedade consciente e livre. O diferencial da dança é que ela toca a pele do espaço e nos infor¬ma sobre a paisagem.

Marina Martins