Caminho como Vocação: os Paulistas e os Transportes Terrestres no Centro-Sul do Brasil
Guilherme Grandi
232 p.; 16 x 23 cm.
ISBN 978-65-85936-25-5
Tenho dito já há algum tempo que um país com as dimensões territoriais do Brasil, sangrado por crônicos e históricos problemas estruturais típicos do subdesenvolvimento, não pode negligenciar os estudos e análises sobre os sistemas de transportes, em todas as perspectivas cabíveis e disponíveis. No campo das Ciências Humanas, no qual navego com mais desenvoltura, é surpreendente como a produção intelectual acerca desta temática é reduzida – seja na história, geografia, ciência política ou sociologia. E por isso devemos comemorar sempre que emergem novas interpretações e discussões, como esta nos oferecida por Guilherme Grandi, que cada vez mais finca o seu nome como uma referência importante no tema. Entrelaçando a ideia do papel civilizador dos meios de transporte, a questão da técnica (do homem escravizado à máquina) e o pioneirismo paulista no estabelecimento da estrutura viária terrestre no Brasil, desde os quinhentos, Grandi proporciona uma leitura histórica original, indicando que a dilatação espacial a partir do planalto de São Paulo de Piratininga, rumo aos sertões, pode ser considera da uma espécie de primeiro rascunho de um mercado interno de nível nacional – que apenas na segunda metade do século XX ganharia tal configuração. Mas a análise avança para o atual estágio de desequilíbrio e ineficiência da matriz de transportes do Brasil, sempre atada ao argumento do papel proeminente dos agentes paulistas na concepção e implementação das infraestruturas de transporte.
Daniel Monteiro Huertas, professor adjunto da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), campus Osasco