
O glorioso retorno de quem nunca esteve aqui: documento-manifesto em busca de lógicas,
estéticas e escritas decoloniais acadêmicas
ISBN 978-65-85936-38-5
Essa forma de estar no mundo que Yuri e Maristela trazem é um manifesto em defesa da pluridiversidade epistêmica. Um texto autoral, contra-hegemônico, que traz a afroperspectividade para a academia de forma contundente, nos faz ver o epistemicídio do silenciamento étnico, a sociologia das ausências, rompe com a oposição entre conhecimento escrito e oralidade, e nos brinda com um “agenciamento coletivo de enunciação”, com os recortes identitários muito apropriadamente nomeados de “arquétipos comuns na população negra”. A cartografia é mesmo uma invenção de si e do mundo, que permite a ampliação das perspectivas perceptivas. Nesse livro encontramos um cartógrafo na análise das músicas do Emicida com sua implicação explicitada nos diálogos entre o Yuri menino, Ciclone e Tânia. Cartografa movimentos de produção de subjetividade, tal qual no desenho que o cartógrafo faz da geografia do terreno, traz as dimensões da sua subjetividade presentes nos recortes identitários da música. Territorializa movimentos. Em sua pesquisa acessa o plano coletivo de forças. Nesse mundo competitivo, meritocrático, onde as individualidades são cada vez mais exaltadas, gritar pela força do coletivo, pela proteção do aquilombar-se, pode ser uma forma de aumentar nossa imunidade em tempos tão sombrios. Resistir é preciso. Parabenizo pelo potente trabalho acadêmico.
Maria Goretti Andrade Rodrigues