Civilização e inovação : a revolução industrial como um fenômeno evolucionário civizacional
Ademar Ribeiro Romeiro
ISBN 978-65-85936-31-6
A Revolução Industrial do século XVIII resultou da difusão de inovações (culturais, institucionais, organizacionais e tecnológicas) acumuladas durante todo o milênio anterior. A Idade Média foi chamada de Idade das Trevas por estudiosos renascentistas que conheciam as ruínas do império romano e liam seus escritos, mas não tinham qualquer informação sobre o que ocorrera a partir do século V EC. Onde faltava informação pensaram no pior. Somente após a Segunda Guerra Mundial a pesquisa histórica se profissionalizou e dezenas de universidades começaram a revolver os arquivos medievais e encontraram uma sequência de inovações: na agricultura da rotação trienal, na pecuária dos cavalos de guerra e tração, no artesanato dos moinhos e da metalurgia, na construção civil das fortalezas e catedrais. E, sobretudo, na construção de sistemas de pensar que, entre idas e voltas, acabavam por compreender que mudanças técnicas não eram obra demoníaca. A Europa se beneficiou da fragmentação política do continente, onde centenas de unidades políticas com distintos graus de autonomia concorriam entre si, contrastando coma solidez dos grandes impérios asiáticos, a China à frente de todos. Enquanto na Europa inovações de todos os tipos aumentavam a chance de sobrevivência de cada um dos concorrentes, na Ásia dos grandes impérios frequentemente eram vistas como brinquedos ou, pior, ameaças à ordem estabelecida. O mito da Idade das Trevas, como todo mito, retirava sua força da simplicidade e permaneceu no senso comum. É mais do que tempo de explorar toda a diversidade com que a pesquisa histórica nos brindou nas últimas décadas. Este livro é uma importante contribuição para colocar o pensamento brasileiro nos debates historiográficos do século XXI.
Prof. Fábio Sá Earp do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).